Pensar e não escrever é como nadar com os peixes no mar sem querer pesca-los.
Ainda que alguns
peixes teimem em mordiscar os dedos do pé ou provocar puxando os
fios da sua barba.
Sabe, algumas vezes
é bom pensar que o lugar dos peixes é no mundo submerso. E, por
mais fantásticos ou insignificantes que sejam, em alguns momentos é
legal somente observá-los nadando, até que desapareçam lá na
frente, na escuridão do mar piscoso, sem nunca mais encontrá-los,
num pescar de olhos.
É bom aprender a nadar com os peixes até que não se sinta vontade de subir nunca mais para respirar.
Distraidamente algum
aparece enquanto estou pedalando sozinho numa floresta escura, a
dezenas de quilômetros de casa. Surge com suas luzes coloridas, tal
qual vaga-lume nadando ao meu redor. Muitas vezes brinco de ignorá-lo
para vê-lo fazendo muitas bolhas em busca de atenção.
Mas também um deles pode sair da minha gaveta, abanando o rabo como se fosse um cachorrinho. Outro rasga o céu como se fosse estrela cadente. E algumas vezes até passam sorrindo na rua, como se fossem uma criança.
As idéias vão surgindo e não é preciso pegar todas. Na era de Aquário os peixes escolhem a quem pescar.